quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Educação não-formal --> Espaços culturais: expectativas educador /público

Quando abro uma revista ou um livro tenho necessidade de folhear todo o material para só em seguida dar início a leitura começando pelo que mais me interessa. Muitos visitantes de exposições também procedem de forma semelhante. Percorrem a mostra toda para só então dar início a visita conforme seus interesses ou o que mais lhes ou despertou a curiosidade.

Nos espaços culturais é muito comum para o educador que realizará a visita educativa ou mediada receber um grupo ansioso por desconhecer o espaço, a quantidade de peças ou obras expostas, as atividades que o local oferece. Porque então não minimizar a ansiedade do grupo, sendo muitas vezes restrita ao professor acompanhante, percorrendo toda a mostra para aí começar a visita? Pode ser outro modo de levantar os repertórios e interesses dos visitantes. Outra estratégia que o educador pode fazer uso é descrever toda a mostra, explicar aos visitantes que em nenhuma exposição há tempo tanto para o educador quanto para os visitantes de visitar toda a mostra, além, é claro, de levantar junto ao grupo se há algum interesse específico em alguma obra ou objeto exposto.

Ser educador implica em respeitar os tempos, ritmos e interesses do visitante. De que adianta cumprir um roteiro de visita se o público está mais interessado no prédio ou no elevador, banheiro... afinal, todos os espaços culturais tem seu “elefante branco”. As expectativas do educador não podem confrontar com as do público que tem uma experiência bastante diversa daquele. O público se depara com muitas informações novas como o próprio espaço expositivo, que mesmo já conhecido, a cada nova exposição apresenta uma nova expografia, paredes são levantadas onde em mostras anteriores não existiam, assim como as cores, a comunicação visual... enquanto o educador se familiariza com o “novo” espaço antes do público estando, no momento do atendimento ao grupo, focado na exposição ou atividades as quais irá realizar com aquele.

Educar demanda dedicação, generosidade, estudo, pesquisa no preparo para as visitas e atividades. Não realizá-las pode ser frustrante para o educador. Mas para que o público se dê conta dos usos dos espaços culturais e possibilidades de contato com a cultura é preciso que, em primeiro lugar, ele sinta-se acolhido e à vontade. Só assim, num segundo momento, esse público pode voltar sua atenção para as atividades e exposições.

A formação de um público assíduo nos espaços culturais acontece em etapas que compreendem o tempo de familiaridade de cada público com os espaços culturais, que pouco a pouco, a cada visita, integram seus repertórios e vivências.
Em quaisquer etapas em que se encontre o público em relação às instituições culturais, a abertura do educador é determinante para a experiência rica e única do visitante. Estar presente é o contato sensível do educador que percebe o outro, sabe ouvir e ser ouvido e respeita a curiosidade alheia.

Afinal, as relações humanas não são regidas por expectativas?

SEMANA DE ACESSIBILIDADE NO CCBB-SP